11/08/2011

A Thousand Words


1. Houve, há pouco tempo, uma revolução na banda. Querem contar-nos o que se passou e quais foram, efectivamente, essas mudanças?

As mudanças na banda surgiram devido a escolhas pessoais de alguns dos membros, outras prioridades na vida, etc. Optei por não desistir de algo que me esforcei e me deu gosto começar com eles. Mas, como em tudo, há que fazer os possíveis para começar de novo, mudar, e ter vontade e empenho para continuar. Da formação inicial, para o actual, quem saiu foi o baterista Cristiano e o vocalista Juliano. Eu continuei na guitarra, o Ludgero que era da formação inicial mudou do baixo para a bateria. Entrou o Diogo (ex-A Step To Fall) para voz e o Jonathan (ex-Rat Attack/No Time To Waste) para o baixo. E foram eles os responsáveis pela continuação da banda. Não esquecendo também Rafael Madeira (Impact | Bookings) grande amigo e "quase membro" de A Thousand Words, desde o início.


Fizeram-vos crescer enquanto banda, todas essas alterações?

Desde a demo de 2009 muita coisa mudou. Desde então, todas as mudanças, concertos e tudo o resto, fez-nos crescer a todos musicalmente (a uns mais do que a outros, também pela antecedente experiência de uns e inexperiência de outros), mas não só: fez-nos crescer também como pessoas. E, essa evolução, não só individual, mas como banda, vai-se reflectir no som tocado actualmente que, apesar de todos gostarmos mais, é uma amostra de evolução, por ser algo mais complexo do que o que tocávamos anteriormente. Pretendemos assim, com esta evolução, passar a nossa mensagem implícita nas músicas mas, também, mostrar que não temos estado a dormir e o que tocamos, não é só para agradar os outros, como também a nós mesmos. Porque o mais importante, é tocarmos aquilo que gostamos.


Sentiram que essas mudanças ainda representam o que são, ou eram, os ATW? Qual foi o impacto das mesmas a nível musical?

Estas mudanças em termos de sonoridade aconteceram normalmente. (E temos vários exemplos de bandas que mudaram de sonoridade, umas para melhor, outras para pior… mas mudaram.) E em nada prejudicou a banda. Muito pelo contrario, estamos a explorar coisas novas e criar novos ambientes nas musicas. Talvez um pouco mais de "tragédia" e "peso" desde a demo (2009) e, também, uma nova presença em palco, que esperamos não vir a desiludir.


Não teria sido mais fácil somente alterar o nome da banda?

Já nos fizeram muitas vezes esta pergunta e respondemos praticamente sempre o mesmo: A Thousand Words não é nenhuma "banda descartável", ou feita para durar um certo período de tempo ou seguir algum hype. É uma banda de 4 amigos, que se divertem a fazer música. Pelas coisas que já passamos juntos dentro da banda, não fazia sentido alterar o nome. E ir-se-ia, de certo modo, menosprezar a dedicação e empenho dos membros da formação inicial que fazem parte da banda actualmente. Tanto os novos, ou velhos elementos, todos nós, continuamos a falar, a apoiar-nos uns aos outros, e isso é o mais importante; e, fazendo um aparte, há bandas (não querendo comparar nenhuma delas connosco) que tantos vocês ouvem que não têm nenhum elemento inicial, ou têm apenas um ou dois elementos iniciais, e não é por isso que deixam de gostar e ouvir essas bandas, até porque não faz sentido.


Em que ponto se encontra actualmente a banda? Há lançamentos agendados? Concertos?

A banda neste momento está a acabar de escrever o álbum e, ao mesmo tempo, a "limar arestas" de faixas já feitas. Gostávamos de adiantar já datas de lançamento e datas de concertos, mas neste momento estamos dependentes dos nossos empregos, que nos condicionam de maior forma nesta altura do ano. De qualquer maneira, assim que marcada alguma data, vamos fazer os possíveis para divulga-las. Interessa-nos sim tocar. Para 10, para 100 ou para 1000, tocamos na mesma. Como se costuma dizer: "só faz falta quem está".


Preparam um álbum, então? Que nos podem adiantar? Nome, musicalidade, influências, qualquer coisa...

É verdade, vamos lançar um álbum, ainda este ano, mas adiantar o nome do álbum será cedo demais, apesar de já estar definido. O som vai ser algo dentro das músicas novas que tocamos ao vivo. Para quem não presenciou ao vivo pode ver/ouvir o vídeo no nosso facebook (http://www.facebook.com/athousandwordshc), do show com Shai Hulud, em Lisboa, filmado pelo nosso amigo Rui Gaiola. Nesse vídeo, temos um interlude e uma musica chamada "Blind Man's Faith", e vão ambas fazer parte do álbum. Não podemos revelar mais coisas até ao momento. Apenas que o álbum vai ser produzido por um grande amigo nosso Miguel Correia (Mike Ghost - Men Eater), para piorar, num bom sentido, o ambiente e som do disco. É a pessoa que talvez melhor perceba o tipo de som que queremos, e confiamos nele para fazer um bom trabalho. As letras vão reflectir as fases um pouco mais negativas que temos passado e que nos tem feito manter os olhos bem abertos nos dias de hoje. Não vai ser um disco sempre a falar de coisas bonitas. (risos)


Discos, que vão influenciar o vosso som:

Essa é uma pergunta um bocado difícil, mas assim os primeiros que nos vêm à cabeça são os seguintes: Into Oblivion - Rise & Fall; Blind To What Is Right - The Carrier; My Love My Way - Modern Life Is War; Sleepwalkers - Dead Swans; Funerary - Pulling Teeth. E todos os álbuns de Converge.


Os ATW tinham, há uns tempos, uma importante fanbase no Algarve. Ainda a sentem, ou fugiu com as mudanças na banda?

A fanbase no Algarve é importante porque há sempre os amigos que temos antes da banda surgir e os que nos ajudaram a conseguir isto. Mas, por vezes, os que nos são mais próximos são os que nos tentam "deitar abaixo" mesmo sendo da nossa própria terra. Esse tipo de comentários negativos, são os que nos dão mais força para não desistir e ser um bocado do contra, em relação ao som da banda e material utilizado ao vivo. Sempre estivemos um bocado fora do tipo de hardcore das bandas do Algarve, o que não faz de nós melhores ou piores. Cada um toca aquilo que lhe dá gosto tocar, e ninguém tem algo a ver com isso. O nosso som não é um hardcore fácil de ouvir e, se calhar, por isso, alguns tenham estranhado. E, como se costuma dizer, "primeiro estranha-se, depois entranha-se". Portanto, quem quiser apoiar, apoia, quem não quiser não apoia. Ninguém é obrigado a nada, somos bem vindo a críticas desde positivas a negativas, desde que construtivas e que, de algum modo, nos possam fazer melhorar.


Que projectos pretendem ainda alcançar com a banda? Quais os vossos objectivos?

Objectivos... sinceramente, neste país não é fácil de os traçar. Na verdade, é difícil ser ambicioso. Porque para ser ambicioso, e traçar objectivos "maiores", digamos assim, é preciso divulgação e, acima de tudo, apoios, não só monetários, mas de todas as pessoas envolvidas no movimento hardcore. E isso não acontece. Num país em que quando um concerto de uma banda internacional, como por exemplo Shai Hulud, é 15€ e dizem que o preço é um exagero, e não vão, pois preferem gastar em bebidas e saídas, não me parece que haja pessoas suficientes para "pôr" uma banda de hardcore português na ribalta da Europa ou outro continente. Não digo que seja o nosso caso, mas temos muitos boas bandas em Portugal, algumas já com 2 ou 3 álbuns lançados e que, por terem um cachet fixo, por terem também gastos maiores, já são criticadas. Tudo bem que o hardcore não é para fazer dinheiro e não põe o pão na mesa a ninguém, pois é underground, mas para se gravar álbuns e EP's, fazer merch, tours, etc, são feitos vários gastos, pensem antes de criticar seja que banda for… cada concerto que passa, existe desgaste de material, existem viagens feitas, desgaste do transporte, combustível, etc. As coisas não caem do céu e se, no hardcore, tal como em todas as coisas, devemo-nos apoiar uns aos outros, então, comprar um cd em vez de fazer o download, ir a um concerto em vez de ir para um bar, etc, deviam ser coisas cada vez mais frequentes, e não sempre a criticar que 5€ é muito para ir ver 4 bandas de "miudos" que querem passar a mensagem e dar-vos música para os vossos ouvidos. Não sendo muito ambicioso, o nosso objectivo neste momento é lançar o álbum com o som que nos agrade a nós como banda, e nos reconheçam pelo nosso som; que seja bem recebido pelo público e amigos. Esperamos ainda este ano fazer uma EuroTour, para mostrarmos o nosso novo trabalho pela Europa. De resto, é levar as coisas normalmente e de maneira que nos faça feliz, sem esperar nada em troca. E espero que, com o que escrevemos em cima, não pensem que não nos orgulhamos do nosso país, porque orgulhamos, tal como das bandas underground que dele fazem parte, mas há que ser racional e ter em conta o que é possível e impossível ser feito, no que toca a objectivos.


Tocar com Shai Hulud foi, de alguma maneira, uma espécie de sonho tornado realidade?

Não diríamos um sonho tornado realidade, mas na verdade foi importante, sim. Nós levamos sempre todos os concertos como o mais importante, não interessa o local, público ou bandas com quem vamos tocar. Tentamos sempre trocar impressões com outros membros de bandas sobre quase tudo. E, também, fazer sentir o pessoal de fora bem-vindo. No fundo, para nós o que interessa, depois de um concerto, é ficar com um sorriso na cara pelo que foi feito por nós e pelas bandas com quem tocámos, tendo passado a mensagem a quem esteve presente.


E se pudessem escolher uma banda para ir em tour, ou com quem fazer um concerto?

RISE & FALL


O que é que faz falta no hardcore nacional?

A essa questão temo já ter respondido na resposta à pergunta 10. Não vamos estar a dizer o que falta e o que está mal ou bem no hardcore, essa questão está mais do que falada e batida. Sinceramente, acho que cada um sabe de si e, no que toca a cada um de nós, fazemos o melhor que podemos para manter a "chama viva".


Sintam-se à vontade para dizer o que vos for na cabeça, obrigado.

Queríamos agradecer, pelas mais diversas razões, ao Rafael Madeira (Impact | Bookings), ao Emanuel (HellXis), Death Will Come, Cold Blooded, For The Glory, LifeDeceiver, Hard To Deal, Mike Ghost (Men Eater), Renato Cabral, Sandrine Martins, Rui Gaiola e Edgar Barros. Um obrigado a todos eles e esperamos poder continuar a contar com todos vós.

A THOUSAND WORDS - HARDCORE LIVES 2011


O 4THEKIDS não pode deixar de agradecer a disponibilidade da banda e deseja a todos a maior sorte. Obrigado.

FACEBOOK

Sem comentários:

Enviar um comentário