29/12/2007

Entrevistas a Agnostic Front e Evergreen Terrace

Na sequência do One Voice Fest ficam aqui duas entrevistas que foram feitas pelo pessoal do portal LxJovem às bandas Agnostic Front e Evergreen Terrace.

AGNOSTIC FRONT



EVERGREEN TERRACE


08/12/2007

Entrevista a CEREMONY [EUA]


Podem ler uma entrevista feita, por um colaborador, aos californianos CEREMONY clicando AQUI!!!

Não percam esta que é a primeira entrevista em exclusivo com uma banda internacional para o 4TheKids!

24/11/2007

ENTREVISTA A STEAL YOUR CROWN

ENTREVISTA A STEAL YOUR CROWN


(clica na imagem para aceder ao myspace da banda)

O projecto nasceu em Agosto de 2004 como um passatempo, mas depressa os intervenientes se aperceberam que havia potencial que não podia ficar por aproveitar! E assim o passatempo não só se concretizou numa banda a sério como ganhou nome: STEAL YOUR CROWN! Três anos depois, com uma demo cá fora e com uma mão cheia de concertos dados lado a lado com alguns dos maiores nomes internacionais e nacionais, 2007 começou de forma um tanto ou quanto complicada, mas nada que os SYC não conseguissem superar, como ficou provado pelas músicas disponibilizadas online.

Mas para sabermos mais sobre o passado da banda, em que ponto se encontram agora, e que planos têm para o futuro, o melhor é mesmo falar com eles! E foi isso que o 4TheKids fez, desta vez com a novidade do jovem Frodo ter ajudado na elaboração da entrevista!

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4TheKids: Antes de continuar queria só aproveitar para agradecer a vossa disponibilidade. Já há algum tempo que planeava fazer esta entrevista mas o timming nem sempre me parecia o mais oportuno. No entanto, acho que agora acertei, até porque vocês estão com um novo projecto "em mãos". Mas antes de falarmos sobre isso, porque não começam antes por nos falar sobre o vosso percurso nos últimos 3 anos e sobre a vossa situação neste momento?

Steal Your Crown (SYC): Antes de começar a responder, quero começar por agradecer não só pelo vosso interesse em elaborar uma entrevista com Steal Your Crown, mas também pela vossa iniciativa do projecto “4TheKids”, essa dedicação faz parte daquilo que se chama o verdadeiro espírito «Hardcore». Steal Your Crown nasceu após uma recente banda ter acabado, de nome «One Must Fall», e também durante a etapa final do percurso de «Unstable» (banda que esteve activa desde o ano 1998 até 2005); este projecto (S.Y.C.) veio então na tentativa de perpetuar o espírito e a mensagem dessas 2 bandas; e como nós temos um núcleo de amizade que engloba a Margem sul e a Margem Norte (e devido ao facto da formação inicial ser metade do sul metade do norte), a banda nasceu também com o tema “Two Sides Connection”, em resposta à competitividade, divergência e falta de união que existiam e existem entre as margens. A banda iniciou «carreira» com vários concertos na margem sul, infelizmente não temos um historial que comprove uma grande diversidade de locais, mantivemo-nos muito a jogar em casa, devido a falta de oportunidades e, principalmente, a responsabilidades pessoais/profissionais. Mas o que é certo, como foi já mencionado por vocês, é que após várias barreiras e obstáculos nós mantivemo-nos de pé, e estamos cá para o que der e vier; a prova viva disso não é apenas o CD que vamos lançar em breve, mas sim a nossa atitude que se mantém EXACTAMENTE a mesma desde há uns anos atrás; muitos consideram isso falta de «evolução» e definem o nosso estado como «estagnação», nós definimo-lo mais escolhendo palavras como «verdade» e «lealdade»...

4TheKids: No vosso myspace já têm disponível uma pré-masterização dos vossos novos temas. Uma vez que não lançavam nada cá para fora há algum tempo como foi o regresso ao estúdio?

SYC: Posso dizer que nos sentimos recém-chegados ao estúdio, foi como se fosse a primeira vez. Mas é sempre excelente gravar temas novos em estúdio, as coisas resultam de uma forma diferente quando separas cada instrumento por pista; e estas gravações foram as primeiras gravações de Steal Your Crown que sofreram uma verdadeira total dedicação da banda, estamos a lutar arduamente (não só a nível instrumental mas como também a outros níveis) para vir a erguer um CD que seja digno daquilo que nos representa como banda.

4TheKids: Querem aproveitar para fazer um pequeno roteiro sobre o vosso novo trabalho? Levantem aí a ponta do véu … como se vão chamar as músicas e o que podemos esperar delas?

SYC: A única coisa que queremos dizer para já do nosso novo trabalho é o seguinte: Aguardem por algo nunca presenciado antes em Portugal.

4TheKids: Os SYC sempre tiveram uma imagem muito característica. Num vídeo vosso que estava no “Youtube” a promover as músicas novas viam-se umas miúdas a abanar o rabo (“Girls Gone Wild” Style) e lembro-me que as imagens no clip com o pitbull também estiveram na origem de alguma polémica, tudo isto porque há pessoas que dizem que isto nada tem a ver com os ideais do Hardcore. Como é que vocês reagem a estas críticas e o que têm a dizer a estas pessoas?

SYC: Quem nos conhece como banda sabe que o nosso intuito sempre passou por «chocar» os ditos «grupinhos» da cena Hardcore (que hoje são «grupões»), quebrando as regras de clonagem que abrange várias bandas e pessoas (é tudo igual ao próximo, se é que me faço entender); muitas dessas pessoas que criticam a nossa atitude afirmando que o que fazemos não corresponde aos valores da cena, são as mesmas pessoas que não vivem a cena, mas sim «vestem»; são as mesmas pessoas que fazem disto apenas uma «moda»; são as mesmas pessoas que vão aos concertos mas só entram no recinto para ver a banda com quem falam no Msn ou que têm adicionada no Myspace, ou que enquanto as bandas tocam estão nas bancas a ver a camisola ou shirt que hão-de comprar para condizer com as calcinhas Cáqui que têm em casa (depois chegam a casa e põem-se a ouvir X-Acto e sentem-se da cena HC); são as mesmas pessoas que criticam músicas e letras, mas não sabem nem ouvir nem escrever e que rotulam Hardcore «Negativo» bandas que contenham uma letra a dizer «Kill» ou um vídeo com um «Pitbull»; são as mesmas pessoas que praticam o chamado «Slam Dance» na casa de banho, em frente ao espelho, para não parecerem mal nos concertos, treinando cada passo como se fosse uma dança de salão tipo Valsa; são as mesmas pessoas que criam autênticas «novelas» mexicanas e boatos dentro da cena; São as mesmas pessoas que não sabem o que é HARDCORE mas fazem-se de entendidos na matéria. Portanto, essas pessoas não nos venham falar de valores e ideais, em reacção a todas essas pessoas ainda existe STEAL YOUR CROWN.

4TheKids: Tocaram recentemente no Hell Xis One Voice Hardcore Fest ao lado de grandes nomes e vão tocar no próximo dia 9 de Dezembro em Leiria num concerto organizado pela Predator Bookings. São concertos com dimensões diferentes, logo com uma adesão de público com números diferentes. Ainda assim acham que na generalidade dos casos, em Portugal, a maior parte dos miúdos só vai a 2/3 concertos por ano e não aderem a estas iniciativas mais “pequenas”? Acham que isto se deve a quê?

SYC: Quanto à comparação do festival com o concerto em Leiria, é claro que não podemos dizer que não nos sentimos honrados por pertencer a um cartaz com BACKFIRE, ANGEL CREW e , principalmente, AGNOSTIC FRONT; mas devo dizer que para nós tem uma importância IGUAL participar num ou noutro, tanto que os nossos melhores concertos foram dados para menos de 50 pessoas; Quanto ao facto da maior parte dos miúdos ir a 2/3 de concertos por ano, sinceramente não os censuro, existe falta de informação e existe muita publicidade enganosa, a Internet tanto veio melhorar como estragar muita coisa e os concertos «Locais» têm escasseado em várias localidades, portanto até tudo isso ser corrigido cá os esperamos no «underground».

4TheKids: Uma das questões que pode fazer diferença é de facto a publicidade! Neste campo o myspace tem vindo a ganhar uma importância crescente. No entanto, acaba por vezes por ser também um veículo de modas que não passam de fenómenos vazios que vão tão depressa como vieram. Como é que vocês enquanto banda, mas também enquanto pessoas envolvidas na cena Hardcore olham para este fenómeno?

SYC: O Myspace é um excelente divulgador de informação e é uma rampa de lançamento para qualquer banda ou projecto. O problema não está no Myspace, mas sim na forma como as pessoas o utilizam. Não queremos divagar sobre esta questão, porque os ideais que temos sobre a cena Hardcore não passam sequer pela internet, a internet é, para nós, exclusivamente um veículo ultra-rápido de informação e comunicação, mais nada.

4TheKids: Como vêem actualmente o estado da cena Hardcore em Portugal? Temos promotores novos, bandas novas, zines novas, mas ainda assim parece sempre que falta qualquer coisa … o que acham que é?

SYC: Decididamente, pensamos que muitas pessoas andam confusas. A cena Hardcore portuguesa está a ultrapassar tempos de falta de personalidade e identidade, a informação é fraca, os valores associados parecem ser vagos para muita gente, as bandas estão, maioritariamente, cada uma por si, dá-se valor a modas e moedas e esquecem-se ideais e pessoas, enfim...Tudo isto se deve ao facto da maior parte das pessoas que a constituem estarem mal informadas e de outras rejeitarem a informação e aderirem ao consumismo fácil. Mas ainda existem aqueles que acreditam na verdade, na igualdade, no respeito, na humildade, na união e no espírito da anti-estagnação, apesar de muitos desses crentes ainda se encontrarem adormecidos e pouco esperançados, é para eles que ainda existem bandas portuguesas que fazem o que chamamos «Hardcore» .

4TheKids: O que podemos esperar dos SYC no futuro? Agora, com o vosso novo EP quase a sair, qual é a vossa perspectiva, a nível de agenda de concertos e a nível de resposta do público?

SYC: As nossas perspectivas em relação ao nosso futuro como banda são sempre incertas, pois todos nós sabemos o que gostaríamos para a banda, mas todos temos os pés assentes em terra firme, devido à falta de possibilidades para fazer mais do que fazemos; Não temos esperanças de atingir Top’s de vendas, não temos esperanças sequer em vir a tocar fora do país tão cedo, não temos esperanças de aparecer na televisão, não temos esperanças de ganhar fãs, nem de puxar mais público do que chamamos aos concertos, não nos resignamos à esperança nem à perspectiva. Ao lançar um trabalho novo, lançamo-lo como um «tiro no escuro» por acreditarmos no que fazemos e por amar-mos o que fazemos, lançamo-lo de bom grado para quem quiser sentir e cantar, para quem quiser partilhar connosco o nosso dia a dia, para quem quiser escutar e perceber; lançamo-lo independentemente do número de pessoas que o cheguem a conhecer, pois Steal Your Crown nunca foi nem nunca será uma aposta de mercado; se por ventura assinar-mos com uma editora visamos expandir a nossa música e não expandir a nossa carteira, não temos ilusões.

4TheKids: Bem, chegados ao fim da entrevista resta-me aproveitar esta última ocasião para agradecer pelo vosso tempo, assim como desejar-vos a continuação de um bom trabalho! Mas já agora, querem aproveitar para deixar uma última mensagem aos leitores do 4TheKids?

SYC: Apoiem ou morram.

Ass: Vynn S.Y.C.


Fotos Retiradas do Myspace da Banda

28/09/2007

Entrevista com BULLETPROOF

ENTREVISTA COM BULLETPROOF

Com o regresso desta banda aos concertos surgiu a ideia de dar a conhecer ao exterior a essencia por trás de "Bulletproof" e para tal coloquei algumas questões ao vocalista Ema.

Quem sao os Bulletproof, quando começaram a banda e o que os levou a juntarem-se para fazer musica?
Os Bulletproof são 5 miúdos, oriundos das 2 margens do rio Tejo, que se juntaram no final de 2004.
Inicialmente eu fui convidado a integrar o projecto pelo Pissarra, que já era baterista da minha antiga banda (Words Of Hate) e aceitei porque curti da boa onda do pessoal e dos sons que já tinham composto.
Éramos portanto 2 vocalistas, eu e o Paulinho, e só tínhamos uma guitarra.
Lá para meados de 2006 juntou-se à banda o Kolde que veio trazer a perspectiva das 2 margens à banda e mais peso no som.
Já no início de 2007 o Paulinho abandonou a banda e voltámos a ser 5.


A saída do Paulinho veio afectar muito a banda ou alguma vez colocou em causa a continuação do projecto?
Claro que sim. A banda foi fundada na base da amizade e para nós é como uma família, quando alguém decide abandonar tudo isso além de ser um momento difícil é um momento que nos obriga a reflectir sobre o que andamos afinal a fazer.
Apesar de ele ter saído por razões pessoais que não afectavam directamente a banda, menos um é menos um.
Decidimos ficar só comigo na voz porque achámos que não fazia sentido substituir o Paulinho e isso coloca-me numa posição de esforço, mas sobrevivemos bem a essa mudança.

Com as vossas letras e musica tentam transmitir alguma mensagem em particular ou é apenas um exorcizar de demónios?
Penso que todas as bandas quando compõem passam por um processo de "exorcização" quer seja de demónios ou de bons sentimentos, e isso vê-se ao vivo, consegues perceber o feeling que cada riff representa nas caras das pessoas.
Nós não somos excepção, mas com as minha letras pretendo ir um pouco mais além disso.
Nas letras gosto de contar histórias, ao mesmo tempo que faço alguma crítica social...escrevo coisas que partem quer da minha vida pessoal quer daquilo que observo nas pessoas...as minhas letras falam essencialmente sobre pessoas, e confesso que escondo muitos significados nas metáforas e nos segundos sentidos das palavras.
Prefiro que cada um interprete a letra à sua maneira e se relacione com as letras duma maneira própria do que dizer "esta letra é isto, "tá aqui preto no branco".

Qual achas ser a maior dificuldade para uma banda sobreviver no hardcore português?
O dinheiro ahah.
Quem faz hardcore em Portugal faz por gosto disso não duvido, mas sustentar uma banda é complicado e não temos público suficiente para encher concertos de bandas locais e toda a gente ganhar algum no fim da noite.
Para além disso faltam editoras e distribuidoras para ajudar a divulgar melhor o trabalho das bandas.
Ainda que o espírito D.I.Y. seja essencial no hardcore, dava jeito haver mais apoio nessa área para saírem mais álbuns com qualidade.

Que pensas sobre a falta de promotores no nosso país e de na maior parte das vezes terem de ser as próprias bandas a marcar concertos.
Para mim essa questão tem uma razão lógica.
Faltam promotores porque para marcar concertos é preciso arriscar e ter condições financeiras que suportem um eventual fiasco, além de ser preciso ter uma mentalidade de organizador, de pessoa que sabe que vai estar a trabalhar enquanto os outros se divertem.
E sejamos francos, isto é Portugal...toda a gente quer é diversão fácil e a malta rica que pode bancar custos de um concerto de certeza que não anda muito pelo hardcore.
Mas tal como já referi o espírito D.I.Y. é o que faz do hardcore uma cena única e por isso mesmo é bom que as bandas se mexam, marquem concertos por elas próprias e que de vez em quando hajam miúdos como tu e o Bruno, ou como o Duarte e o Canarias no passado, que tenham os tomates para arriscar e fazer alguma coisa pela cena.

Guardam alguma recordação especial de um concerto?
Epah a primeira recordação "especial" que me vem à cabeça foi mesmo o concerto no bar Hula-Hula na Costa...acho que foi o concerto mais xunga, mais caótico e mais violento que já demos...eu já tava com algum whisky em cima e só dizia merda, só via gente a voar por todo o lado e pronto acabou tudo com um extintor aberto e toda a gente a correr cá para fora...foi pena acabar assim e o resto das bandas não tocarem, mas foi sem dúvida o mais marcante.

A "City Chronicles" ja saiu à cerca de um ano,têm algum plano para lançamentos futuros?
Planos há muitos.
Queremos gravar todas as faixas novas que entretanto fizemos e queremos tocar mais fora da Margem Sul e fora do país também.
Mas lá está, o dinheiro condiciona tudo...na maioria somos estudantes e pobres.
Eu não pago ensaios prái à 3 meses só porque tive que pagar a carta de condução... Mas temos planos e queremos em 2008 ter mais qualquer coisa gravada, por isso quem ler esta entrevista que mexa o cu, fale com algum de nós e compre as t-shirts que temos à venda!
(também acho que sim!)



Qual a tua opinião desta vaga de bandas novas e renovadas(step back!,no good reason,grankapo,wise up,reaching hand,mr miyagi etc) que houve este ano em Portugal e tens algum conselho a dar aos miúdos que pensam em começar uma banda?
É excelente!
Ver tanta coisa nova a surgir a toda a hora e principalmente em várias zonas do país dá-me motivação, porque é sinal que há mais miúdos a mexerem-se, a não deixar a cena morrer.
Claro que não vou tar aqui a ser hipócrita e a dizer que gosto de tudo o que apareceu ultimamente, há bandas novas que não me cativam, principalmente porque para mim cada vez é mais difícil ouvir algo hoje em dia e não dizer "já existe, nada de novo" (eu sou o mais crítico na própria banda, eles odeiam-me cada vez que tão a fazer cenas novas lol), mas independentemente dos meus gostos é bom haver gente interessada no hardcore.
E curto mesmo Step Back!, não só eles, mas são a banda nova que de momento me dá mesmo tesão.


Algumas ultimas palavras?
Pah queria só agradecer a entrevista e todo o trabalho que vocês no blog têm feito para apoiar as bandas portuguesas.
E um grande obrigado a toda a gente que nos tem apoiado desde o início, todos os amigos e amigas que sempre que podem aparecem, todo o pessoal que sua connosco, que mosha, que grita as letras e toda a gente que no final de cada show me vem dar uma palavra de apreço, Bulletproof são vocês.




Obrigado ao Ema pela disposição e podem saber todas as novidades da banda, em termos de calendario de concertos ou merch, em:

26/04/2007

ENTREVISTA AO RICHIE, VOCALS DE FOR THE GLORY!

ENTREVISTA AO RICHIE,
VOCALISTA DE FOR THE GLORY

Pergunto-me por vezes da veracidade da expressão: O que é Nacional é bom! No entanto, as conclusões chegam depressa... não só é bom, como muitas vezes é Muito bom! Provas? É fácil! Os For The Glory! Já cá andam há uns anitos e são uma das bandas Hardcore com mais provas dadas em Portugal! Após algumas mudanças na formação da banda, os For The Glory apresentam-se agora como uma banda sólida e com trunfos na manga! O CD está a ser preparado e vai com certeza ser uma bomba! Mas para saber melhor sobre o que se está a passar com os FTG, porque não falar directamente com o Richie, o homem que dá voz a este projecto!

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4TheKids: Hey Richie! Antes de mais obrigado pela ajuda e disponibilidade! É sempre um prazer falar contigo e desta vez não é diferente, ainda para mais no contexto em que é! Mas, indo ao que realmente interessa, porque não começas por nos responder àquela pergunta que se faz sempre: Quem são os For The Glory!?

Richie FTG: For The Glory é uma banda de hardcore, que começou por ser um pouco de todo o lado mas que realmente é baseada em Lisboa, cidade que acolhe os nossos ensaios e cidade na qual demos o nosso primeiro concerto, na altura com um line up no qual constava Rui Brás (Twenty Inch Burial), Sérgio Bernardo (Criminal Waste), Miguel Correia (Endless Road, What Went Wrong, Men Eater, Riding Panico), Apolinário Correia (Endless Road, Devil In Me), Ricardo Dias (Time X, Day Of The Dead, What Went Wrong). A banda começou como um projecto paralelo, uma brincadeira que tomou uma proporção maior do que a que estavámos à espera. Desde cedo lutámos por uma cena hardcore diferente, mentalidades diferentes que deixassem de julgar ou de fazer o que era correcto e errado, político ou burro... Simplesmente queríamos uma banda com energia, que pudéssemos escrever sobre o que nos passava na alma. Gravámos uma demo que viria a ser regravada com quatro temas novos no que viria a ser chamado o mcd Drown In Blood. Depois foi só tocar e ir passeando, aproveitando as oportunidades e divertir ao máximo. Com o passar dos tempos houve pessoas que não foram aguentando ou simplesmente acharam que realmente FTG não era a banda em que queriam tocar; como amigo não empata amigo e como bom amigo está lá nos bons e maus momentos, fomos aceitando as decisões de cada. O Poli saiu, o Mike saiu, foi entrando o João Daniel (ex-Criminal Waste, que tocou 2 shows connosco), entrou o Ricardinho dos 20IB que nos ajudou nuns shows, o Mike voltou à banda, o Rui saiu da banda, o João de Killing Frost ajudou nuns shows e numas tours. A banda sempre continuou na sua cena até à procura da pessoa mais complicada que é um baterista, tipo batemos com a cabeça em tudo quanto era sitio porque para nós a pessoa que iria a ficar com o lugar teria de ter mais que uma boa cena musical, teria de ter um carácter pessoal e um à vontade para poder partilhar um sonho, ter bom coração! Eis que apareceu o Cláudio (Genoflie/Solid Impact). Foi na altura que fizemos uma tour com ele no verão de 2006 com o seguinte line up: Mike, Sérgio, João, Ricardo e Cláudio. Tudo perfeito nesta tour, mas o Mike achou que não poderia continuar e então saiu, tínhamos agora o problema de ter de encontrar um baixista e um guitarrista. Até que o Rui voltou para a banda e com ele trouxe o JP (20IB, Shoal, Liberation, As Good as Dead) e de momento é o line up que temos. Estamos sólidos e com muito bom ambiente entre todos. Parece que voltámos a fazer a banda de novo, como se fossemos pela primeira vez tocar ao vivo! haha. Os novos For The Glory são: Rui Brás, JP, Sérgio, Cláudio e Ricardo.

4TheKids: Sei que tiveram uns momentos complicados e chegou a fazer-se um "último" concerto, mas que felizmente acabou por não o ser! Que mudanças é que resultaram destas tempos conturbados e até que ponto é que isto alterou a identidade dos For The Glory?

Richie FTG: Estávamos a passar por uma fase complicada, desde a saída do Poli que a banda estava a passar por uma fase complicada, tínhamos estado lentamente a deixar de fazer as coisas, deixávamos de conversar e a nossa relação como amigos começou a distanciar-se, ficávamos tempos sem falar uns com os outros, o que antigamente fazíamos muito... houve uma altura que já não dava para continuar, mas recebemos imenso apoio de toda a cena hardcore que nos fez pensar duas vezes e tentar mudar, fazer com que a música passasse um pouco para segundo plano dando prioridade à nossa relação como amigos, ao fim ao cabo não rende ter uma banda por ter, rende ter bandas quando te divertes com os teus amigos. Fizemos de tudo para poder beneficiar a nossa relação pessoal, e conseguimos manter uma amizade forte e novo, com o pessoal a entrar de novo estamos a voltar ao que éramos, estamos a ensaiar e paramos o ensaio para conversar, jantamos juntos temos outra relação de novo… para além da música!
Quando as coisas são forçadas simplesmente não resultam, e como no trabalho se tens um patrão chato que esta sempre a controlar, não vais gostar dele. Se for um patrão que até te deixa controlares e orientares o teu trabalho, vais-te sentir melhor e mais confortável... nós não queríamos que a banda mandasse nas nossas vidas, mas era o que estava a acontecer e quando nos apercebemos já era tarde demais, já estávamos a ficar tão vidrados na banda que não tínhamos noção dos problemas das vidas uns dos outros... como disse em cima agora estamos a levar as coisas de forma diferente, estamos mais velhos, mais conscientes, não temos de provar nada a ninguém, não queremos encher Wembley, não tocamos a música ou temos uma banda porque queremos ser conhecidos, apenas nos queremos divertir uns com os outros e viajar, trocar experiências e passar ideias, é isto! haha

4TheKids:Então e o novo disco que já está aí na calha? O que nos podes dizer sobre ele?

Richie FTG: O novo disco vai ter cerca de 11 músicas, já esta a ser preparado ao nosso passo, não temos aquela pressa de mostrar trabalho, mas queremos criar cenas novas, queremos meter cenas novas nas músicas de FTG, não vamos mudar o som totalmente, apenas queremos fazer a música que gostamos... Vai ser um disco de hardcore! Tem já algumas músicas feitas, tem letras e tem nome… Tenho uma ideia para o disco, a ideia é o disco rodar à volta do dinheiro, da falta de ética e da competição doentia, um disco que fala sobre a dificuldade de ser sardinha e lutar num mundo com muitos barcos de arrastão, compreendes? Um disco focado para aspectos mais reais, mais mundanos, mais dia a dia… muita emoção e sobre os nossos sentimentos de raiva, repugnância em relação ao Mundo em geral e ao Mundinho do Hardcore onde todos parecem ter telhados de vidro.

4TheKids: Deram ai 3 concertos, dois em Portugal e um em Espanha, e sei que pelo menos dois deles tiveram um significado especial, um por ser num fest de Hardcore sem precedentes em Portugal e o outro por ter sido com uma banda que deu o seu último concerto! Queres-nos contar como foi?

Foi muito bom poder tocar ao lado de grandes amigos como os No Turning Back, Zero Mentality e Teamkiller, conhecer pessoal novo de outras bandas e poder partilhar experiências! O concerto do Algarve teve um significado especial, foi o último show de Pointing Finger, banda straightedge de Faro que já estava ai a tocar há anos. Fico feliz por eles estarem envolvidos noutras bandas, o Diogo fazer zines e cenas assim, a chama deles não morre.

Ir a Vigo é sempre bom, nunca tínhamos lá tocado com FTG, mas já lá tinha estado com outras bandas, o pessoal de Vigo representa bem a cena e mantêm vivo o hardcore na Galiza. Amei o show e o feeling!

Decidimos que ao fim destes três concertos iríamos parar até o nosso disco estar pronto. Temos mesmo de acabar o disco senão estamos a adiar uma cena, e as pessoas já esperam por um disco há 3 anos hahah Posso dizer que agora estamos mesmo dedicados ao disco de ftg, o disco vai ser um bom disco!

4TheKids: Sendo os For The Glory uma banda Hardcore, conta-nos como é o processo de lançar um disco para uma banda com as limitações normais numa cena underground! E mesmo a nível geral quais são as dificuldades que sentem, ainda para mais num país pequeno como Portugal?

Richie FTG: É fácil, como tudo no Mundo o dinheiro manda e como tal, nós não somos ricos, não temos dinheiro para poder bancar um disco inteiro, temos de juntar, esperar pela altura certa das nossas vidas e depois pimba: gravar! hahah É complicado poder gerir o tempo e o dinheiro que temos.. É tudo muito em cima do joelho, sabes?

Sei que por exemplo não há muitas salas em Lisboa que aceitem shows de hardcore e são muito caras, numa cena onde há poucas pessoas a irem a shows é complicado marcar shows bons em salas caras, nenhum promotor ou banda quer perder guita a marcar um show... eu não vejo dificuldades, porque também fui trabalhando e pouco me queixando, faço o que posso e o que me deixam, não me vendo, não estou venda! hahaha

4TheKids: E por falar na cena nacional, como é que encaras actualmente o estado do Hardcore em Portugal? Temos tido bons shows ultimamente com bandas lá de fora, mas fora os grandes nomes que têm vindo a Portugal, como achas que as coisas se passam cá dentro!? Há união entre as bandas? Ainda há o verdadeiro espírito DIY ou isso já passou à História?

Richie FTG: Espírito DIY posso falar por nós, eu sei que FTG mantêm a ética DIY, eu trato dos shows, tratamos do merch, dos alugueres das carrinhas, das cenas todas da banda... perdemos dinheiro muitas vezes mas mesmo assim amamos o que fazemos, não temos uma máquina de dinheiro atrás de nós a decidir o que queremos fazer ou a dar ordens. Se me perguntares se existe uma cena forte em Portugal, eu tenho pena em dizer que não existe, não vejo fanzines, não vejo distros nos shows (tirando no Algarve), vejo tudo a ser levado muito banalmente. Há uns anos atrás quando comecei a ir a shows, Juke Box e Ritz Club, chegavas a sala dos shows e vias uma data de cenas, com bancas de informação, cenas que cativavam os miúdos, que retiam as suas atenções nem que fosse por breves instantes para poder levar mais para casa que emoções de um show de música. Criava-se um laço entre um gajo novo e toda uma atmosfera de concerto de hardcore, a nossa cultura vai se perdendo, mas também os tempos vão mudando e as coisas deixam muitas vezes de fazer sentido para muita gente...

União entre as bandas? Ok, nós em FTG respeitamos todas as bandas, queremos boa onda, respeitamos ideias (straightedge, vegan, whatever)... como banda não temos essas ideias implícitas nas nossas letras, mas não quer dizer que não partilhemos de algumas ideologias! Fui aprendendo ao longo dos tempos a lidar com diferenças (musicais, estilos de vida), as pessoas são mais que rótulos. Temos de viver para além desses rótulos e dos diferentes estilos de vida e saber respeitar o espaço de cada.

Sei que há bandas que não querem tocar com FTG porque somos “mauzões” e etc, mas acho que quem se dá com a malta sabe bem que não somos metade do que pintam, gostava de desmistificar esse culto de que somos os “tuffs” á nossa volta!

4TheKids : Há uns tempos circulavam uns comentários menos positivos acerca da banda que como sabemos eram mentiras! Como é que vocês se sentem com este género de coisas? Como achas que é a melhor maneira de lidar com essas mentiras?

Richie FTG: Estás a falar do boato de FTG ser uma banda de extrema-direita e com ligações à extrema-direita? FOR THE GLORY é uma banda que não tem orientações politicas, nenhum dos membros de FTG é de extrema-direita e não é apoiante de extrema-direita, somos uma banda que preza o respeito por todas as cores, todas as raças, todas as formas de amar e quem querem amar. Respondendo as más-línguas, For The Glory não é uma banda de direita, nem tem ligações à direita como podem querer fazer parecer… lá porque não passamos a vida a falar que o mundo está mal e não sei quê, não quer dizer que não tenhamos as nossas ideias do que realmente sentimos sobre o Mundo à nossa volta. Durante todos estes anos a ouvir hardcore, aprender com bandas, fui criando uma maneira de pensar muito própria, o que tu fazes com a tua vida só a ti te deve respeito, por muito que mandem pedras e areia para os nossos olhos continuamos a fazer o que de melhor fazemos: tocar e aprender uns com os outros. Podemos mudar a nossa vida, e podemos tentar mostrar a quem nos está mais próximo o que mudámos, mas impingir o nosso estilo de vida é errado.

4TheKids: Ultimamente vêm-se muitas caras novas nos concertos! No entanto são muitas vezes miúdos que estão lá no concerto X porque é de uma banda mais conhecida e depois no outro, que é uma banda com mais história, mas menos conhecida, não os vês lá! Como é que encaras este fenómeno? É algo negativo apenas, ou achas que desses miúdos há uns que até se interessam por isto e por isso há é que acolhê-los e tentar passar-lhes a mensagem?

Richie FTG: Todas as pessoas novas deveriam ser mais que acolhidas, se vieram por bem podem vir... se vierem 50 putos matrecos e se deles 4 saírem com a ideia que hardcore é mais que música, é um estilo de vida... está mesmo bom! Todos nós já passámos por isso, a aceitação numa tribo diferente. Ninguém tem o direito de julgar nada, nem de atirar pedras porque todos têm telhados de vidro e o passado é algo que não apagamos... Vamos mudando, transformando, aprendendo! Gostava que mais miúdos viessem e que se questionassem sobre tudo o que se passa à sua volta, viessem falar com as bandas, trocar ideias. Porque realmente se eles forem ao show e só virem gajos ao pontapé e pessoal a voar tipo super-homem pode-lhes cativar muito, mas também gostava que a parte mais extra musical fosse com eles para casa!

Não curto quando está povo sempre a “lookin down” nos miúdos novos, porque não dançam com estilo ou whatever, são esse tipo de “personagens” (como muita gente diz) que mantém por vezes os concertos com mega pica, porque se um gajo vai a contar com elites do core e manientos, deixou de ser uma festa hardcore e passou a ser um funeral haha E venham aos shows e tragam mais amigos, muito amor para todos!

4TheKids:Dismistificando agora alguns mitos... Há muita gente que julga o pessoal que ouve Hardcore como miúdos violentos, quase como se se tratassem de membros de gangues! Depois vêm a forma como os concertos se desenrolam e muitas vezes, por não compreenderem, ficam com uma ideia ainda pior! O que pensas destas generalizações?

Richie FTG: Para gostarmos de música agressiva e dançar da forma como se dança é fácil perceber porque as pessoas pensam, todos nós temos problemas nas nossas vidas e a música hardcore serve para isso mesmo, um mundo à parte onde podemos fazer o que queremos, uma cena que pode ser a nossa plataforma de elevação mental, as letras são reais com as quais muita gente se identifica, por isso é normal os miúdos ficarem loucos com certas bandas. O Martijn, uma vez a falar comigo, disse uma cena que é verdade: apesar de aparentarmos ter uma vida fixe e quê, para termos bandas de música pesada é porque há assuntos que não nos saiem da cabeça e pelo qual esta é a nossa maneira de mostrar a nossa revolta com o Mundo com os problemas! Muita gente prefere música superficial para pensar numa cena falsa que não existe, numa falsa felicidade, a nós, os putos do core, preferimos falar do real, do que se passa à nossa volta… e as pessoas acham que somos agressivos, porque o Mundo não é um sitio muito belo, com a quantidade de merda que se passa e por isso, se calhar, o caos eminente nos shows faz com que por momentos esqueçamos tudo! A nossa casa, a nossa família resume-se àquelas quatro paredes e à banda que está no palco a cantar letras que resumem a nossa vida...

4TheKids: Muita gente não percebe algumas das dicas e referências que fazes em relação a grupos de hip hop nos concertos! Na última fornada de Merch de For The Glory há até uma shirt que é claramente uma referência aos clássicos RUN DMC! Mas, e como estava a dizer, há muita gente que não percebe esta relação Hardcore e Hip Hop, queres-nos transmitir a tua visão sobre estes dois mundos?

Richie FTG: Estou a escrever esta entrevista ao som de Halloween. Eu, o Rui e o Cláudio somos gajos que gostamos de hip hop, o C faz beats e produz umas cenas de rap, temos uma ligação forte, que eu há anos atrás julgava não ser possível, mas acho que as culturas são tão parecidas (não estou a falar daquela cena rap gangsta bling bling), a forma de propagação da mensagem e da música através de mixtapes, demos, cenas de autor. DIY!! O hip hop nasceu das ruas, o hardcore nasceu das ruas… música de contestação, daí a alusão a uma cena clássica de rap, podia ter feito uma com o logo de NWA a dizer “staight outta lisbon” mas ya fica para a próxima! Hahaha

Adoro ouvir um bom hip hop tuga tal como Dealema (e os seus projectos a solo) Sam the Kid, Valete, Nigga Poison, Sindicato Sonoro, Rey, Bob Da Rage, Twism, entre outros como é óbvio! Este amor que eu comecei a criar em relação ao hip hop foi através do meu bro Meireles, ele de certa forma mostrou-me cenas, fui gostando da cultura, agora vou na descontra a uma festa de rap como se fosse a um show de core, tás a ver?

4TheKids: Sabendo que és um gajo sempre actualizado no que diz respeito não só a hardcore, mas também em boa música, diz ai aquilo que neste momento consta do teu Top 10!

Richie FTG: Epá, de momento tenho ouvido pouca coisa, ouço muito os mesmos discos e sempre, coisas que me marcaram… mas posso dizer que ando a ouvir muito os seguintes artistas: Sam The Kid, Halloween, The Killers, Mundo Cão, Ignite, World Collapse, Jedi Mind Tricks, Immortal Technique, Valete, No Warning, Ragmen, Get Up kids, Madball, Terror, Zero Mentality, Ramallah. Foi apenas umas das bandas que tenho ouvido. Eu ouço muita música, gosto de várias coisas! hahah

4TheKids: Mais uma vez obrigado pela disponibilidade! É bom ver que ainda há quem lute pelas cenas em que acredita e que não tenha medo de dizer isto ou aquilo só porque pode cair mal a algumas pessoas! A melhor das sortes para For The Glory e para ti!

Richie FTG: Bro Mário, tu sabes bem que este teu projecto é fundamental para uma boa educação e introdução à nossa cena hardcore, no tempo que eu comecei a ouvir core, havia fanzines, havia mais info... nesta era virtual o teu trabalho e desempenho é que merece um sincero obrigado. Por isso obrigado por fazeres este blog com info sobre tudo, sobre hardcore, sobre a vida, sobre as tuas ideias... continua com o bom trabalho e muito obrigado por me deixares mostrar um pouco de mim e da minha banda às pessoas. Um abraço para todos os que sempre estiveram lá para FTG, que nunca nos viraram as costas nestes 3 anos e tal, que apesar de estarem sempre a ver as merdas a mudar, estiveram lá e ficaram e partilharam o seu amor! Todas as pessoas do Algarve, Porto, Lisboa, Margem Sul, Loures, etc... one love!



Entrevista por xCUNHAx

Fotos retiradas do myspace de For The Glory

16/03/2007

Eternal Bond Post

Depois de algum tempo a gerir o blog tenho-me deparado com o desafio de tentar construir um blog cada vez mais atractivo e que faça com que as pessoas sintam a curiosidade de cá voltar sem ter que estar constantemente a chateá-las no msn e hi5! Lol Além disso, sentia a necessidade de ter conteúdos exclusivos que pudessem ser vistos apenas aqui! Nesse sentido lembrei-me de incluir entrevistas a pessoas ligadas à cena Hardcore (bandas/organizadores de eventos/promotores/etc)! Para começar, que melhor maneira do que fazê-lo com um amigo e a falar sobre uma banda de que gostamos! Assim sendo, falei com o Leo, um dos vocalistas da Banda Eternal Bond, que mostrou total disponibilidade para me ajudar nesta iniciativa! O resultado fica aqui, em exclusivo para o Blog 4TheKids, onde podem deixar as vossas impressões, em conjunto com a música da semana (que vem mais cedo esta semana para acompanhar a entrevista) que é também ela uma música do anterior registo dos Eternal Bond!

A ENTREVISTA

4TheKids: Hey Leo! Antes de mais obrigado por teres aceite o convite e deixa-me adiantar que é uma honra poder estrear este espaço das entrevistas contigo, que já conheço há algum tempo, e a falar do "teu" projecto: Os Eternal Bond! E assim sendo, que melhor maneira de começares senão dizendo-nos quem são os Eternal Bond ...

Leo_sxe: Antes de responder quero agradecer por me teres escolhido como a pessoa a inaugurar este espaço, significa imenso para mim, acredita! Ora, começando com a tua pergunta: Eternal Bond é uma banda de Lisboa, andamos por cá desde 2004, tocamos o que se pode chamar de um Hardcore New School e a mais recente formação é: Pedro Kizomba - voz, Eu (Leandro) - voz, João - guitarra, Filipe - baixo, Sandro - guitarra e Pedro Pissarra - bateria. Somos uma cambada de putos crescidos a fazer uma coisa que adoramos!

4TheKids: Esta pode parecer uma pergunta um pouco clichet, mas tenho que a fazer! Para mim que vos conheço é fácil perceber o porquê do nome da banda, mas para quem está a ler que nunca ouviu falar de vocês, explica aí o porquê do nome Eternal Bond!

Leo_sxe: É engraçado porque até há pouco tempo alguns elementos da banda não sabiam o porque do nome ahahah andava eu à procura dum nome para a banda quando meto um Cd de Racial Abuse a tocar e me deparo com uma musica chamada Eternal Bond que falava de amizade. Ora, uma das coisas mais importante para nós na banda é o sentimento que temos uns com os outros, a amizade que se pode considerar uma família, então decidi chamar-lhe Eternal Bond e na altura todos concordaram! Podemos dizer que foi um momento bonito! ahahah


4TheKids: Depois de uma pausa e de algumas mudanças na formação da banda sei que estão agora a gravar um novo álbum! Já podes adiantar um nome? E já agora o que podemos esperar deste novo álbum e desta nova formação?

Leo_sxe: O novo álbum vai se chamar CONVICTIONS, vai sair numa editora independente Japonesa e vai ter distribuição Japonesa mas também Europeia! Pensamos que assim se vão abrir várias portas para tocarmos cada vez mais longe do nosso país, o que é sempre bom! Regravámos uns temas antigos, fizemos mais umas quantas músicas novas, o resultado são 8 músicas com Hardcore não só rápido como partes de mosh pesadas e vozes gritadas! Digamos que é uma mistura de Madball com Kickback e Sworn Enemy... Vai ser uma coisa um pouco diferente do que se está habituado a ouvir em Portugal e muito graças a esta nova formação! Saíu o nosso primeiro baterista, o André, que continua a ser parte integrante da nossa crew e um grande amigo e entrou o Pedro que veio dar uma nova força e uns pormenores brutais. O Nuno João, mais conhecido como Bolo (Baixista em Devil In Me) também saiu, mas continua na nossa crew como sempre, e entrou o Filipe para o baixo e o Sandro passou para a segunda guitarra! Entramos em 2007 cheios de empenho e força para conquistarmos os palcos, por assim dizer!

4TheKids: Uma cena que eu tento sempre passar ao pessoal com quem falo que não estão por dentro do Hardcore é a importância das mensagens nas músicas... mais do que falar do amorzinho e dessas cenas todas, fala das cenas que nos afectam diariamente... os Eternal Bond também seguem essa filosofia?

Leo_sxe: Nada melhor para escrever uma musica do que relatar o que se passou/passa na nossa vida! Quantas vezes já dei por mim a olhar para letras de outras pessoas e a ver-me naquela situação! Dá-me mais força saber que houve pessoas que passaram pelas mesmas coisas, sejam elas boas ou más! Eu, pessoalmente, não tenho jeito para escrever sobre coisas sobre as quais não passo ou passei e daí as letras deste álbum falarem um pouco da nossa realidade como banda e também pessoal! Claro que também se deve dar valor a canções do amorzinho ou outro qualquer assunto, desde que esta seja bem escrita, mas também não estou a ver uma musica do amorzinho inserida na musicalidade de xEBx... mas quem sabe, um dia se calhar, ou até já neste álbum, não surja algo parecido! ;)

4TheKids: Vocês já cá andam há uns anitos, tu pessoalmente já andas nestas lides há bastante tempo. Pessoalmente, como é que vês o Hardcore em Portugal agora quando comparado quando começaste a ir a shows, por exemplo?

Leo_sxe: Quando penso que não comecei a ir a shows há muito tempo, penso que o ano 2000 já foi há 7 anos e vejo que realmente já passaram mais do que uns meses! É assustador!!! Ao longo da nossa vida vamos vendo as coisas de maneira diferente, faz parte da nossa evolução e crescimento pessoal. No início para mim era um mundo novo, logo achava tudo magnífico, até as picardias que havia! Agora que estou mais dentro da cena, continuo a achar que é o melhor "sitio" do mundo, mas que não é perfeito como eu o pintava e que podia ser bem melhor do que é se não houvessem tantas guerrinhas estúpidas só por haver diferentes opiniões! Hey, não sou uma pessoa tolerante, aliás, sigo a norma "narrow kids with narrow minds", mas também se ninguém me chatear, não chateio ninguém, o que hoje em dia é difícil acontecer porque, não sei porquê, há sempre alguém a tentar passar-nos a perna ou a tentar ser mais que nós e contra isso acho que ninguém se deve calar! Mas, falando do antigamente, via muito mais empenho antes, era lindo entrar num sítio minúsculo que era a Kasa Ocupada e ver o pátio cheio de bancas com discos e zines, livros e merch de bandas, comida... sei lá, tudo um pouco! Toda a gente fazia uma banda, todos tinham uma banca... hoje em dia ninguem faz nada, á parte de umas quantas pessoas que se podem contar pelas mãos, os outros preocupam-se mais em bater na pessoa do lado e mostrar o novo "move" de dança ou beber não sei quantas cervejas ou fumar não sei quantas ganzas! Que saudades tenho de ler uma boa zine e ir a um concerto cheio de bom feeling! Como dizia Death Threat: Hardcore stage dives, high-fives!

4TheKids: Sei que vão fazer agora uma mini tour para divulgarem o álbum que está por vir, quando e onde é que os vamos poder ver num palco perto de nós?

Leo_sxe: No próximo dia 24 tocamos em Setúbal no IPJ, é um Benefit, logo penso que toda a gente devia ir! Em relação à mini-tour, as coisas já não vão ser como queremos infelizmente, ás vezes há tanta oferta que se geram confusões e perdemos oportunidades! Tocamos dia 31 de Março em Coimbra e no dia a seguir, dia 1 de Abril, no Porto! É uma mini-tour em que vamos abrir para os nossos grandes amigos de Vigo OFENSIVA, que vêm a Portugal pela primeira vez! Vão tocar mais bandas, mas ainda estão alguns pormenores por acertar!

4TheKids:Bem, para finalizar, vou-te só pedir que deixes aqui uma dica para os miúdos que estão agora a começar a ouvir Hardcore e a ir a concertos! Assim uma coisa em jeito de conselho...

Leo_sxe: A minha dica é que sejam vocês mesmos, não se deixem influenciar pelos outros só porque acham fixe! Vão a concertos, curtam da maneira que querem e vos apetecer, não fiquem desiludidos se um concerto não for nada de mais, o próximo irá sempre ser melhor! O Hardcore vive através da informação, leiam zines, fanzines e webzines como esta, informem-se sobre as bandas, sobre os concertos, sobre o que se passa dentro do Hardcore desde o straight edge passando pelo vegetarianismo, tudo! Uma coisa que o straight edge me ensinou é que devemos controlar a nossa própria vida e não deixar que nada a afecte, seja física ou psicologicamente! Sejam vocês mesmo! Os melhores momentos da minha vida vivi-os por causa do Hardcore, aproveitem! Ah, e vão a concerto de Eternal Bond e dancem violentamente, isso é que se quer ver ahahah

Obrigadão por esta oportunidade, um abração para ti e vamo-nos vendo por aí. ;)

4TheKids: Obrigado pelo teu tempo e boa sorte com o novo trabalho! Vemo-nos por aí nos concertos!