27/06/2009

Shipwreck A.D.





( cliquem nas imagens para ver em tamanho maior )

Entrevista feita por Markus Fischer-Lindenberg

Podem sacar um pdf com a entrevista clicando aqui!

Black Ink




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Entrevista feita por Markus Fischer-Lindenberg

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18/06/2009

Entrevista a Never Fail


1. Há perguntas que embora sejam clichés, são necessárias. Tendo em conta que são uma banda nova esta é daquelas que tem que ser feita: quem são os Never Fail e como surgiu a oportunidade de tocarem juntos?

J: Os Never Fail são o Leandro na voz, o Bruno no baixo, o Bruno e o João nas guitarras e o André na bateria. A ideia de formar esta banda surgiu quando alguns de nós demos o concerto de Nail Fail e para isso é necessário explicar como apareceu Nail Fail. O Bruno e o Hermano da Predator Bookings fizeram aí um concerto em que várias bandas se cortaram à última hora então tavam a precisar de bandas para tocar nesse show. Nail Fail foi uma ideia que surgiu de tocar umas quantas covers nesse show e a cena correu fixe por isso decidimos fazer uma banda a partir daí. O Fábio que tocou bateria nesse concerto de Nail Fail não é baterista por isso arranjámos o André para a bateria, o Bruno tocou baixo nesse show mas passou para a guitarra e arranjámos outro Bruno para o substituir. O Ema deixou de cantar, mas é membro honorário de Never Fail e vem connosco pra todo o lado ahah.

L: Eh pá, dizer que Nail Fail correu fixe é ser demasiado simpático! Ahahah Digamos que foi engraçado tocar aquelas covers e aqueles pregos todos, foi uma tarde de HC diferente e deu para perceber que tocarmos juntos até tínhamos potencial, tínhamos o mesmo feeling e a mesma vontade de fazer cenas novas! Qualquer dia Nail Fail volta aos palcos e melhor ensaiados desta vez!

2. Já agora, o nome em si tem algum significado especial?

J: Ao início foi uma brincadeira para ser parecido com Nail Fail e queríamos lançar um split com Nail Fail (ou seja connosco próprios lol) em que um lado seria originais de Never Fail e do outro lado covers nail’adas. Para além disso o nome Never Fail diz-nos algo porque todos tentamos nunca falhar naquilo que fazemos na vida, em qualquer frente desta. Isso não quer dizer que nunca falhemos e que nos achemos perfeitos, quer apenas dizer que tentamos não falhar.

3. Para quem ainda não teve a oportunidade de os ouvir, como caracterizam o vosso som e quais consideram ser as vossas maiores influências musicais?

J: O nosso som é rápido (a sério, em 5 minutos ouvem a demo por isso n têm desculpa, musicas de 1 minuto máximo) e todos gostamos de bandas de hardcore antigas dos anos 80, talvez seja daí que temos as maiores influências para esta banda.

4. A nível das letras, o que é que vos inspira ou chateia a ponto de merecer que falem sobre isso nas vossas músicas?

L: Principalmente o que se passa na cena HC, sem duvida. Desde aquela pessoa que se aproveita da ingenuidade dos mais novos, passando pelo racismo e acabando naqueles que tornam os concertos cada vez mais agradáveis! Depois há também o carisma político e/ou social e também questões como o ambiente, etc. O HC sempre foi musica de intervenção portanto acho que é normal acabar por se falar de tudo um pouco o que nos rodeia no dia a dia. Normalmente escrevo mais sobre o que me chateia, uma espécie de exorcizar o que vai cá dentro, principalmente em assuntos dentro do HC.

(Leo durante as gravações)

5. Segundo sei o processo de gravação da Demo foi bastante rápido, tanto que já têm a demo cá fora (à venda e disponível para download). Querem contar-nos, em traços gerais, como foi?

J: As músicas como tem à volta de um minuto cada foram fáceis de fazer, chegávamos ao ensaio com umas ideias e saíamos do ensaio com as musicas feitas no ponto. No primeiro ensaio desta banda fizemos as músicas “Never Fail”, “Reality Slap” e “For the Glory”, que estão as três na demo. Falámos com o Paulão para gravar lá no Mad Dog Studios e marcámos um dia às 21.30. A gravação começou às 22.30 e à 1 da manha tava tudo em casa já ahah. Depois foi lá voltar no dia a seguir, meter as quotes de uns filmes mafiosos e tava pronto. Depois é o clássico, queimar cd’s, imprimir capas, cortar capas, demo à venda. Ah, já agora, obrigadão ao Mike de Lifedeceiver que fez a capa da demo em tempo record, para condizer com a velocidade das faixas.

L: A gravação foi rápida porque o João grava as músicas na guitarra em metade do tempo delas, não me perguntem como mas é verdade! Ahahahah Fora de brincadeira, as músicas são pequenas e directas, estavam relativamente bem ensaiadas e quando é assim é bastante fácil que as coisas saiam á primeira! E o Mike LD realmente merece todo o mérito também pelo trabalho que fez em tempo record!

6. As últimas duas músicas da demo têm o nome de duas bandas nacionais (For The Glory e Reality Slap). Porquê a escolha desses nomes?

L: Como o João escreveu mais atrás, era suposto para primeiro lançamento um split com Nail Fail. A ideia era 3 originais e 3 covers. Nas de Never Fail quis fazer uma espécie de homenagem ao HC em Portugal e escolher como título duas bandas que adoro, uma antiga (FTG circa 2003) e uma mais recente (R.S. circa 2008). A ideia do split ficou adiada e as musicas já estavam feitas e ensaiadas e como é óbvio não ia estar a trocar a letra por causa disso então ficaram assim e fica a minha pequena homenagem a estas bandas e todas as outras que fazem isto andar para a frente.

7. Deram o vosso primeiro concerto enquanto banda há uns tempos no Montijo. Apesar de já serem pessoas com alguma experiência em palco como é que se sentem cada vez que se estreiam enquanto banda nova?

J: Falando por mim, sinto sempre aquele nervosinho por ser o primeiro dessa banda, por não saber se vai tudo correr bem, por saber que nos tão a ver pela primeira vez e essas coisas todas. O primeiro concerto foi fixe, mas demos pregos pesados ahah. Mas havia pessoal a cantar as letras já e a divertir-se por isso é bom sinal.

L: Yah, uns pregos um pouco lixados mas nada que não seja normal para primeiro concerto. Da última vez que tinha cantado num palco foi também no Montijo, cerca de um ano antes deste primeiro concerto de NF, com EB, e na altura o nervoso ficava um pouco para trás. Este primeiro de NF foi diferente, já estava um pouco nervoso talvez por ter estado tanto tempo afastado dos palcos, por ser também o primeiro concerto e por estar sempre a pensar em como será que vai correr, etc! Mas a partir de agora é sempre a melhorar e as coisas acabam por sair naturalmente e acabamos por nem nos preocuparmos assim muito.

8. Uma vez que têm pessoal de mais um local, têm sentido alguma dificuldade para ensaiar e assim ou hoje em dia é relativamente fácil o pessoal juntar-se todo?

J: Costumamos ensaiar em Almada porque encontrámos lá uma garagem com bons preços e compensa o Leo e o Bruno virem de Lisboa p ensaiar lá. Eu e o André estamos praticamente em casa por isso é na boa. Quanto ao Bruno da guitarra, é um pouco mais difícil porque ele é de Leiria então não lhe dá jeito nenhum vir a Almada para ensaiar a meio da semana. Contudo a Internet salvou as nossas vidas, passo-lhe as músicas que fazemos pelo MSN, mando-lhe as tabs e ele aprende tudo tranquilo. Quando ele tem alguma ideia para músicas grava um mp3, manda-me e trabalhamos a cena nós os quatro no ensaio. Para além disso ele de vez em quando vem a Lisboa para ver concertos ou assim e nessas alturas aproveitamos para ensaiar todos.

L: O João e o Bruno que mora em Leiria são os verdadeiros reis do ensaio virtual! Ahahah mas a verdade é que corre sempre tudo bem, o Bruno quando consegue vir ensaiar a Lx safa-se na boa e as coisas correm sem problemas.

(Never Fail)

9. O que é que podemos esperar de Never Fail no futuro? Sabemos que pelo menos a agenda de concertos está bem preenchida … mas há alguma novidade ou surpresa que queiram revelar a nível de projectos?

J: Como já disse lá em cima, nesta banda as músicas fazem-se à velocidade da luz por isso já temos umas 6 ou 7 novas ideias para músicas que tão a ser trabalhadas de momento, curtíamos arranjar uma editora fixe para lançar um 7” com essas músicas. A ideia do split de Never/Nail Fail ainda não foi posta de lado por isso é também uma hipótese para o futuro. Quanto a concertos, quantos mais melhor! Queremos tocar o máximo possível e como somos uma banda que dá concertos curtinhos somos bons p por em qualquer cartaz lol. Também está nos planos fazer um pouco de TOURismo no futuro, vamos lá ver como corre tudo.

L: Como já disseram no Forum da Cena: “é o som mais lusco fusco do hardcore”, portanto podemos tocar todos os fins de semana que ninguém se farta! Ahahaha Como o João disse e bem, queremos tocar o máximo possível por enquanto, estamos todos com bué vontade de fazer cenas novas e de ver as respostas das editoras para podermos fazer o 7”.

(em concerto)

10. A vossa banda optou por lançar a demo através da internet (ainda que a tenham também à venda em CD e no futuro em K7). Acham que a democratização da internet e os downloads são um aliado ou um inimigo das bandas, quer estejamos a falar de cenas mais pequenas ou bandas mainstream. Ou acham que a resposta varia consoante a dimensão da banda de que falamos?

J: Eu sou da opinião que a Internet só não é aliada das bandas quando as bandas andam cá única e exclusivamente para fazer dinheiro. E nesse caso, as bandas é que não são aliadas da música. Mesmo no caso de uma banda mainstream, a internet é aliada dessa mesma banda porque há a possibilidade de chegar a mais pessoas que, sem internet, não teriam acesso ao álbum da banda sem o comprar. Para além disso, ao chegar a mais gente a banda tem a possibilidade de ter mais pessoas a gostar da sua música, mais concertos cheios e até mais vendas de álbuns porque se as pessoas realmente gostam da música podem acabar por comprar mesmo o álbum. No caso de bandas não mainstream, e especificando para o caso do hardcore, os benefícios são ainda mais evidentes. No tempo em que não havia internet as coisas faziam-se na mesma mas a custo triplicado. Hoje em dia tens uma banda, pões os sons no myspace e chegas ao mundo todo, é muito mais fácil dar a tua música a conhecer e os benefícios para a banda são inegáveis. Quanto ao caso concreto de Never Fail, decidimos por a demo logo na internet porque achamos que não faz sentido fazermos música para a termos fechada a sete chaves no nosso pc e só a dar a quem compra a demo ou assim. A música que fazemos é para todos e como tal faz sentido para nós disponibilizá-la gratuitamente para toda a gente, depois quem quiser comprar a demo compra, quem não quiser não compra, mas toda a gente fica a conhecer a banda e não podem dizer que não conhecem porque não tiveram guito p comprar o original. Houve membros da banda que ouviram os sons no myspace antes de terem o mp3 sequer ahaha.

L: Concordo com o João em tudo, a nossa decisão de por logo tudo disponível tem a ver com o facto de não fazer sentido ganharmos dinheiro com isto! Os custos de gravação da Demo e da edição dos CD’s foram bem suportados por nós logo não há problema em dar o nosso trabalho a conhecer a toda a gente e, como já se disse, ninguém tem desculpa para dizer que não conhece! Compreendo que quando se tem uma gravação cara, um MCD ou um Full-Length cá fora as coisas são diferentes, investiu-se muito dinheiro e tempo e queremos ser recompensados de qualquer forma! Mas a verdade é que quem realmente gosta acaba por comprar e isso viu-se no nosso primeiro concerto em que vendemos umas 7 ou 8 demos. Pode não parecer muito, mas eu pensava que nem iria vender metade devido a estar tudo na internet! Falando de bandas mainstream penso que eles nem se preocupam assim tanto com a venda dos CD’s, quem recebe a maioria do dinheiro são as editoras… Eles ganham muito mais dinheiro em contractos de publicidade e concertos e participações em eventos! Falando objectivamente, quanto mais conhecidos mais downloads ilícitos mas por outro lado mais publicidade e mais requisições para tocar!

(durante a gravação da demo)

11. Como já referi, apesar da novidade da banda, vocês já cá andam ou algum tempo nestas andanças, por isso acho que é legitimo que vos pergunte: na vossa opinião, o que está mal no hardcore nacional? E já agora, o que acham que faz do hardcore nacional especial (não pode ser falar só mal eheheh)?

J: Actualmente em termos de bandas e assiduidade a concertos acho que até não está nada mau. Temos boas bandas, recentes e menos recentes, nos vários estilos de Hardcore. Os concertos têm estado cheios de gente nova e isso é sempre bom. O que acho é que falta um pouco de motivos que agarrem essas pessoas novas ao hardcore para que não seja só uma passagem devida a modas e assim. Há poucas bandas que continuem a falar nos concertos e isso é sempre mau, há pouca troca de informação, as zines caíram em desuso e há uma de ano a ano. Lembro-me que quando comecei a ir a concertos em 2000/2001 o que me fez ficar, mais que a música, foi mesmo o que se dizia entre as músicas, o que lia nas zines e tudo isso. Acho que é a única coisa que falta, a mais importante. Fora isso, a cena alternativa de Portugal, seja hardcore, punk ou variantes, está cheia de bandas boas, For the Glory, Day of the Dead, Reality Slap, Broken Distance, Step Back, Please Die, Rat Attack, Adorno, Decreto 77, Mr Myiagi, Killing Frost, Pressure, … a lista é gigante.

L: O que está mal é as pessoas usarem-se do HC como forma de ganhar status e serem alguém de importante. Chegam, consomem e vão embora, demore 6 dias ou 6 meses ou 6 anos! Mas por outro lado acaba sempre por ficar quem interessa, quem tem algo a dizer e a fazer pelo HC. Mesmo quando se afastam deixam um legado e acho isso ainda mais importante do que aqueles que continuam cá e não têm nada para oferecer! As pessoas novas têm que aprender a ser mais humildes, a ter respeito por quem anda cá há mais tempo! Ninguém é mais que ninguém, mas a verdade é que como em tudo, tem que haver respeito por quem está cá há mais tempo, porque se não fossem essas pessoas, talvez estes concertos de fim de semana não existissem mais! Infelizmente o que me fez ficar em 99/00 já não existe agora (as zines, as “palestras” nos concertos, o convívio a falar de HC com pés e cabeça). Mas por outro lado existe um movimento de pessoas verdadeiras e isso nota-se á distância quem são. É óptimo ver bandas como Day Of The Dead ou For The Glory a continuar a tocar, fazer coisas novas, continuam a falar nos concertos e a dizer coisas objectivas sem insultar ninguém nem vangloriar uma moda ou um estilo de vida. Hoje em dia essas são as bandas base do HC em Portugal e adoro ver que continuam por cá e pelos vistos, vão continuar por muito mais tempo. Essas bandas/pessoas são uma verdadeira fonte de inspiração.

12. Há algum concerto de sonho para os Never Fail? Algum local e bandas em concreto com quem gostariam de tocar (bandas que já acabaram e locais imaginários são aceites!)

L: Eh pá… Adorava tocar em Boston com Floorpunch, Project X, Carry On, e One Life Crew ahahahaha Ia ser o pico da crucialidade com os posers todos, mas eu fechava bem os olhos a isso e batia em toda a gente! Ahahahah

J: Never Fail + Agnostic Front + Madball + Sick of it All, numa casa abandonada numa floresta, em 1990.

13. Obrigado por terem disponibilizado algum do vosso tempo para nos responderem a estas questões. Agora, a última pergunta da praxe: querem deixar algumas palavras finais para quem nos está a ler lá em casa?

L: Falo por mim, não quero estar a entrar em cliché mas continuem a apoiar as nossas bandas e promotores nacionais. Isto é tudo feito DIY e se não nos apoiarmos uns aos outros isto acaba por morrer! Já que estão no HC, façam algo por ele! NEVER FAIL

J: Pretty much it.

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