17/07/2009

Entrevista a Keep Walking


Ainda que o calor já se faça sentir um pouco por todo o Portugal, não há sítio mais quente neste momento que o Algarve! Prova disso é a quantidade e qualidade das bandas que começam a surgir (ou a conquistar terreno) vindas do sul do país. Talvez por ter crescido para os lados de Marrocos e ter lá tomado contacto com o Hardcore, a cena algarvia será sempre especial para mim. Foi por isso que, indo ao encontro de uma emergente banda algarvia, estive à conversa com o David dos Keep Walking. Fica aqui o resultado dessa entrevista.



4TheKids (4TK): Apesar de não serem propriamente novatos nestas andanças do Hardcore, digam-nos quem são os Keep Walking e como começaram a tocar juntos.


David: Amigos de longa data desde os tempos da escola, numa das edições do Rockfest em 2007 surgiu a ideia de juntarem para começar um novo projecto nesta onda, a banda começou com o Ricardo na bateria o Fábio na guitarra (anteriormente tocavam juntos noutra banda os Brain Damage), juntando-se o Pedro na guitarra (anteriormente baterista dos Reasonable Doubt ) e Nuno no baixo, em Abril foram compondo algumas musicas, mas na altura faltava alguém na voz, foi então que em Junho me convidaram (David) para a banda, após alguns ensaios e um primeiro concerto, vimos que as coisas funcionavam, e até hoje aqui estamos nós.

4TK: Em relação ao vosso novo trabalho, sei que já está gravado e que estão agora a tratar dos “pormenores” finais. Querem-nos falar mais sobre isso? Como correu o processo de gravação e em que fase estão agora …

David: O processo de gravação correu bem, claro que existem sempre alguns contratempos como a falta de dinheiro e tempo, o que por vezes atrasa um pouco as coisas. Tivemos umas ajudas preciosas durante as gravações, desde todo o pessoal que trabalha nos Estúdios Blacksheep, ao Miguel (Men Eater) que acompanhou as gravações do princípio ao fim e do seu irmão Poli, e claro o grande Makoto. Neste momento estamos a acabar a masterização, com o Alan Douches, e agora é tentar levar isto para a frente o mais rápido possível, mas como o financiamento é inteiramente da nossa parte não pode ser tudo de uma vez, então vamos dando os passos que nos são permitidos.

4TK: Já nos podem adiantar uma data para o lançamento?

David: De momento ainda não temos uma data concreta, mas estimo que no principio do Outono, pois de Verão é impossível para nós visto que todos trabalhamos.

4TK: Já agora, planos para a divulgação do álbum? Alguma coisa em concreto?

Diogo: De momento estamos a pensar fazer uma tour para a promoção do álbum, mas ainda está tudo por confirmar. E depois tentar divulgar o álbum pelos meios existentes e possíveis.


(Keep Walking ao vivo no Arcádia Rock Bar em Faro)

4TK: Tenho sentido uma grande evolução no vosso som. Apesar de não ter ainda ouvido o novo trabalho, mesmo ao vivo a diferença parece-me visível. A mudança teve algum motivo em particular ou surgiu naturalmente com o passar do tempo?

David: Eu sinceramente acho que surgiu naturalmente, sinto que se calhar agora também nos tornamos um pouco mais exigentes connosco próprios, á medida que tocamos nos concertos vamos ficando mais á vontade e outras coisas, vamos vendo pormenores que gostamos de melhorar e essa evolução surge espontaneamente acho eu.

4TK: Tenho também vindo a reparar nalguma temática ligada aos mares nas cenas da banda … o merch, até o nome do novo álbum que mete piratas! É por serem do Algarve, mera questão de gosto ou existem alguns motivos que nos queiram contar?

David: Além de uma questão de gosto tem a ver com as raízes, alguns membros são de Armação de Pêra, mas todos fomos criados com raízes bem assentes no mar e praia. Por isso toda a mística envolvente com o mar afecta-nos bastante e serve-nos também de inspiração para muita coisa. E queríamos de certa forma deixar transparecer um pouco isso no nosso primeiro álbum. Que apesar de conter várias temáticas acaba por ser a última música que dá o nome ao álbum.

( KW ao vivo)

4TK: Sendo uma banda do Algarve sentem que isso pode ser, por vezes, um problema, não tendo por exemplo a visibilidade que mereciam em Lisboa e mais para o norte e tendo também por isso menos oportunidades para tocar nessas zonas?

David: Não é bem um problema, mas eu acho que com insistência da nossa parte é possível, os outros factores que podem impossibilitar aqui e serem vistos como problemas, são apenas a disponibilidade e a nível monetário, mas por outro lado sendo do Algarve temos tocado em muitos spots nesta zona, e Alentejo também, aqui também existe cada vez mais adesão aos concertos, já se vê pessoas de todos os lados nos concertos no Algarve, e isso ajuda muito á divulgação.

4TK: A cena algarvia parece-me ter uma identidade muito própria e tem crescido nos últimos anos com bandas novas e com qualidade a aparecer, com novos promotores a organizar concertos para todos os gostos e a preços bastante convidativos. Ainda assim aposto que ainda existe muito que pode ser feito para melhorar as coisas. Como é que vocês descreveriam a cena hardcore no Algarve e o que mudariam se pudessem?

David: Neste momento no Algarve está a ser feito muita coisa, o problema maior é os sítios para tocar, mas vão surgindo uns desaparecendo outros, e é esta a realidade com que temos que lidar. Poderíamos fazer muitas coisas mas esse factor também limita um pouco o que podemos fazer. Temos cada vez mais concertos no Algarve desde bandas Nacionais como Internacionais, por isso acho que vamos num bom caminho.


(Ao vivo na Associação de Músicos em Faro)


4TK: E a nível nacional? O que acham que merece ser referido como positivo e o que mudariam no Hardcore nacional?

David: A nível nacional o hardcore não anda mal só acho que deveria existir mais união entre as bandas e também um pouco de mais entre ajuda. De resto acho que a cena está bem cimentada no panorama geral, vemos cada vez mais caras novas no panorama geral, a cena não vai envelhecendo tanto, há quem diga que pode ser uma moda agora, mas eu acho que é muito bom termos sangue novo, ver cada vez mais pessoas a apoiar as bandas nacionais e a cena underground. Pode ser uma coisa passageira do tipo que talvez daqui a uns anos apenas 20 % das pessoas que agora vão aos concertos continuem a apoiar as bandas e a ir a concertos e identificarem-se com o movimento hardcore, mas presentemente é bom.

4TK: Já agora, aproxima-se a “silly season” no Algarve, com a consequente invasão de pessoal de fora e assim. Acham que, dando concertos nessa altura e com a promoção certa poderiam, sem sair da vossa zona, aproveitar para promoverem-se lá fora o pessoal que cá vem passar férias vem para outras andanças?

David: Pois podíamos, mas o problema é que nesta altura como sabes é quando o pessoal do Algarve trabalha mais, pois todos nós trabalhamos, e nesta altura é quase impossível andarmos a promover o cd ou dar concertos com muita regularidade, pois devido aos nossos horários é difícil conciliarmos para ensaiar, ou mesmo para tocar á noite. Já tivemos de recusar alguns convites para tocar durante o Verão, e as datas que vamos tocar vai ser grande ginástica, ou teremos que recorrer a alguns amigos nossos para substituir um dos membros nalguns concertos.



4TK: Que outras bandas algarvias aconselham o pessoal lá de cima a ouvir? Hardcore ou não, digam-nos ai o que é que anda a render para os lados de “Marrocos” como eles tanto gostam de dizer.

David: Pois aqui o pessoal de Marrocos tem aqui alguma variedade, Temos bandas mesmo muito boas que estão a crescer muito rápido mesmo, temos Brain Bomb, A Thounsand Words, The Highest Cost, Polygamia, Rat Attack, Pressure, Broken Distance, Eyes Of Dawn entre muitas outras.

(Em Estúdio)

4TK: Bem, chegámos ao fim desta entrevista. Queria agradecer-vos pelo tempo disponibilizado e por todo o apoio que têm dado ao 4TheKids! Querem deixar algumas últimas palavras para quem nos está a ler lá em casa?

David: Convido todos a ouvir as nossas músicas que vão ser colocadas no myspace brevemente e para aparecerem nos concertos para apoiar todas as bandas que trabalham imenso para conseguir tocar. E agradecer aos 4TheKids e pelo apoio e divulgação que tem dado á cena nacional. Keep Walking with us…

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Myspace da Banda:
www.myspace.com/keepwalkingband

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11/07/2009

Entrevista Vultures - O Movimento Hardcore Punk e os Direitos dos Animais



A entrevista foi feita pelo Fábio Gonçalves no âmbito de um "projecto académico". Saibam mais aqui!

09/07/2009

Entrevista a Lifedeceiver



4TK: Antes de mais obrigado por se disponibilizarem a responder às nossas perguntas. Pessoalmente vejo os Lifedeceiver como uma evolução bastante positiva em relação á banda que tinham os 4 em conjunto, Greg The Killer, com a qual deram o último concerto no passado dia 10 de Janeiro em Lisboa. Deram concertos por quase todo o país e a vossa popularidade dentro do hardcore nacional estava a aumentar, o que vos levou em acabar com Greg The Killer e juntarem-se de novo os quatro para formar um som reestruturado agora com o nome de Lifedeceiver?

Mike: Os Greg the Killer (GTK) foram formados em 2007 pelo Paulo Lemos (Resposta Simples) que basicamente recrutou o Plácido (baixo), Romano (Bateria) e a mim para a voz. A uma certa altura convidámos o Bruno para se juntar como segunda guitarra, mas após 3 concertos o Paulo saiu da banda porque foi para os Estados Unidos trabalhar na Disneyland ehehe.
Ficou apenas o Bruno na guitarra e nesta altura já não nos identificávamos com o som que tocávamos, principalmente o Bruno.

Bruno: Entrei nos GTK em Junho de 2008 e basicamente limitava-me a tocar as músicas que o Paulo tinha feito. Já nenhum de nós se identificava com o som da banda e foi então que decidimos terminar com os Greg The Killer. Passaram-se 3 meses e recebi uma chamada do Plácido a dizer que estava farto de estar parado e queria fazer uma banda nova. Eu já tinha uns riffs pensados que nada tinham a ver com a banda GTK. Basicamente o fim dos GTK deveu-se ao facto de querermos algo novo e mudar de ares ehehe

(Os Deceivers)

4TK:Lançaram uma demo com 3 temas e já deram alguns concertos por ai (Coimbra, Pombal, Montijo). Como tem sido a resposta das pessoas?

Bruno: No nosso primeiro concerto, mal demos o primeiro acorde começou tudo a fazer sidewalks e isso foi muito fixe, ver pessoas que não nos conheciam de lado nenhum ali a curtir e no fim a virem dar-nos os parabéns e que o nosso som não tinha nada a ver com Greg The Killer. Eu pessoalmente, fico um bocado lixado quando me dizem isso porque não gosto que comparem Lifedeceiver com Greg The Killer, principalmente porque Lifedeceiver foi uma banda que saiu maioritariamente da minha cabeça e completava as músicas com o Romano e eu em Greg The Killer só me limitava a tocar o que já estava feito. Back on topic, outra das reacções positivas foi o facto de no primeiro concerto vendermos tipo 10 shirts e algumas demos. O pessoal ainda fica um bocado apático e eu compreendo isso porque somos uma banda recente e também não acho que sejamos uma banda propriamente pró mosh ehehe

4TK: Os LD caracterizam-se no myspace como uma banda Hardcore/Rock. No vosso top, onde muitas vezes é possível perceber as influências das bandas a nível musical também têm grupos de estilos um tanto ou quanto dispersos! Ao certo, quais diriam ser as vossas maiores referências enquanto banda?

Para simplificar as coisas, vamos enumerar cinco bandas cada um:
Mike: The Banner, Converge, The Sword, The Abominable Iron Sluth e No Turning Back
Romano: Parkway Drive; Cancer Bats; The Hellacopters; For The Glory e Eternal Bond
Plácido: Madball; Arkangel; Champion; H2O e Agnostic Front
Bruno: Entombed, Motorhead, Electric Wizard, High On Fire e Integrity.

4TK: Pessoalmente penso que o vosso merch é dos melhores que tem aparecido a nível nacional e pelo que sei os designs são obra do Mike. O que vos influenciou para ter saído algo tão bom?

Mike: Antes de mais obrigado pelo elogio, à primeira vista as pessoas pensam que as nossas músicas são negativas daí os desenhos mórbidos que costumo fazer no meu dia-a-dia mas se formos a ver existem metáforas nas nossas letras com mensagens positivas mas com sonoridade negativa. Essa foi a maior influência quando fizemos o merch. Por exemplo, nós temos uma t-shirt com Lúcifer mas que tem uma frase por baixo que é uma mensagem positiva ‘DONT LET YOUR EYES CHEAT YOU’. Estas são as maiores influências para mim e para o Bruno quando idealizamos e desenhamos o nosso merch e layout.

(uma das imagens do merch de LD)

4TK: Qual o próximo passo que pensam em dar? Alguns planos futuros em termos de tours ou novas gravações?

Bruno : Neste momento acabámos de compor o nosso primeiro ep e estamos já em fase de composição do nosso primeiro álbum. O Ep está previsto sair este ano e o álbum no próximo ano. Quanto a Tours, primeiro queremos tocar o máximo possível dentro do país mas gostávamos de nos meter na carrinha com os Never Fail e causar alguns distúrbios nessa Europa ehehe

4TK: Sendo vocês do centro do pais (Coimbra e Leiria) encontram na vossa vizinhança um número relativamente menor de bandas com uma sonoridade semelhante á vossa. A vossa abordagem em palco é diferente tocando com bandas de rock ou metal?

Bruno: A cena fixe da nossa banda é que acho que nos inserimos em ambos os meios. Tanto podemos estar a tocar com bandas mais rock and roll como com bandas metal devido à nossa mistura de sonoridades.

Plácido: Cada concerto é um concerto e encaramos os concertos todos de forma igual e temos a mesma atitude em qualquer tipo de concerto.

4TK: Como resultam os concertos dados para públicos não maioritariamente fãs de hardcore/punk?
Bruno: Não posso responder essa pergunta porque nunca demos nenhum concerto para pessoal que não seja fã de punk e de hardcore.

(foto da banda ao vivo)

4TK: Existe a ideia de que o pessoal das bandas arranja miúdas com bastante facilidade, podem-nos confessar se isso tem resultado convosco ou se tudo não passa de um mito para que as pessoas se juntem e façam música?

Mike : Na minha situação isso é um mito porque nunca arranjei nenhuma miúda por causa da banda. Os restantes são um bocado playboys mas creio que as arranjam devido ao seu charme a tocar ya ehehehe
Não, agora a sério, acho que isso é um mito, tanto que dois de nós têm ou já tiveram relações sérias e com certeza que não foram formadas devido a Lifedeceiver.

4TK: Os altos e baixos de uma banda costumam dar-se quando vão juntos em tour, com que bandas gostavam de partilhar uma carrinha e espalhar a falta de respeito?

Bruno: Como já disse na outra pergunta, eu gostava de juntar os meus companheiros de Never Fail e os de Lifedeceiver numa carrinha e andar a tocar pela Europa duas vezes por dia até ficar sem dedos ehehehe

(os bateristas também merecem fotografias)

4TK:Existe algo que gostariam de ver apagado no panorama Hardcore nacional?

Mike: Não, porque não seria o que é hoje em dia.

Bruno: Não sou a melhor pessoa para responder a esta pergunta porque sou um bocado hater ahaha Fico totalmente pissed-off quando vejo pessoal a ir a concertos de Hardcore e achar que sabe tudo e mais alguma coisa sobre o meio e que se arma em durão e que é o rei do mosh-pit ou o scene king. Esta pergunta já é cliché e as perguntas acabam também por tornar-se por isso não tenho mais nada a acrescentar mas se quiserem trocar dois dedos de conversam venham ter comigo e trocamos umas ideias sobre o que pensamos disto que eu amo que se chama HARDCORE.

4TK:Bem, chegámos ao fim desta entrevista. Algumas últimas palavras sábias que queiram dar a quem nos lê?

Todos: Obrigado pela entrevista. Apareçam nos nossos concertos, comprem o nosso merch e façam de nós a banda mais rica e famosa de Portugal

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Myspace da Banda:
www.myspace.com/lifedeceiverhc

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Entrevista feita pelo Hermano